sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Rei Pescador





Parry, um professor de história sem-abrigo, vive num reino de fantasia povoado de castelos, cavaleiros e damas em apuros. Jack, um dos dj's de rádio mais aclamados de Nova Iorque, cai em desgraça após provocar uma tragédia devido à sua arrogância. Sem dinheiro ou perspectivas de futuro, Jack acaba por ser salvo pela pessoa mais improvável...Parry. Em contrapartida, Jack vai ajudar Parry na sua busca pelo Santo Graal e na conquista de Lídia, a sua paixão.
Este filme profundamente desconcertante tem tanto de miserabilista como de cómico. Assume vários géneros, adopta várias posturas com o fito claro de nos fazer revelar algo sobre as emoções humanas. Em poucas palavras, traduz uma crítica e uma denúncia à desumanização que se vive nas grandes cidades. E evidencia todos os sinais de que, por muito que a Civilização evolua e os anos passem, o ser humano não parece entender melhor o conceito de Solidariedade.
«O Rei Pescador» é um filme que se passa entre o mundo das normas e o das excentricidades. Entre o universo da sanidade mental e o da loucura. Entre o contexto dos que estão inseridos no sistema social e o dos que lhe são marginais. Algures nessa realidade, está uma Humanidade dividida em sectores e vivendo mediante enormes discrepâncias sociais e contrastes assustadores.
A demanda pelo Santo Graal converte o filme num épico de aventuras. Se Parry está convencido de que a Taça de Cristo repousa na prateleira de um armário de um famoso arquitecto, Jack tudo fará para a conquistar. É uma loucura. Mas aquela taça pode devolver a vida a Parry.
Irreal e alucinado, «O Rei Pescador» é também realista e muito humano. O resultado é coerente. Há equilíbrio nos contrastes. História de busca da Salvação e de procura da Paz, é uma bela película centrada na Nova Iorque de finais do século XX mas cuja mensagem pode ser aplicada universalmente e de modo intemporal. Se a realidade é dolorosa e faz sofrer, a loucura faz sentido como fuga a essa realidade. Por isso, Parry corre pelas ruas numa fuga incessante às suas memórias e a tudo o que o atormenta. Um monstro segue-o, personificando todo o perigo, toda a dor e todo o medo que o perseguem.
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