Como uma viagem a Itália desperta
Miss Lucy Honeychurch, inglesinha educada com chá,
partidas de ténis e “Beethoven a mais”
É uma Primavera, no princípio
do século XX. Ingleses mais ou menos abastados desembarcam
em Itália para uma temporada artística, com
o seu quê de Giotto e Boticelli. Alojam-se em pensões
inglesas, comem entre ingleses, passeiam com ingleses. As
solteironas estendem pedaços de gabardine em cima das
velhas pedras, para não se constiparem. Continuam a
tomar chá. A soprar nas luvas, quando as descalçam.
E a acompanhar as jovens solteiras, que não devem,
simplesmente não devem, andar sozinhas. O mundo é
um quarto com vista. Avista-se. Correndo tudo conforme o esperado,
sem riscos, sem história.
Neste
romance de comédia social, Forster ocupa-se de um dos seus temas
favoritos: a imaturidade da classe média inglesa, aqui representada por
um grupo de turistas expatriados em Florença. Os turistas ingleses são
observados com um olhar minuciosamente irónico. A exceção é Lucy
Honeychurch, uma jovem fascinada pela exuberância da paisagem humana e
que, apesar da sua educação vitoriana, procura agir com naturalidade.
Nas
suas relações com a preconceituosa prima Charlotte, os pouco
convencionais Emersons e o arrogante noivo, Lucy vê-se dividida entre
as atividades sociais e os sobressaltos do coração.